Como piloto é treinado para conduzir avião novo e desconhecido?

O novo modelo de avião da Airbus, o A350 XWB, começou a voar no Brasil em janeiro deste ano, pela TAM, entre São Paulo e Manaus.

O escolhido pela companhia brasileira para pilotar o voo de estreia foi o comandante Dias (José Antonio Dias Neto), na empresa desde 1989.

“Meu sonho de aviador, de voar uma bela máquina, está se realizando”, disse ele, pouco antes da decolagem.

Comandante Dias pilotou o primeiro voo comercial do A350 no Brasil – Foto: Maria Carolina Abe/UOL

Para se preparar, Dias e outros pilotos foram até a fábrica da Airbus, em Toulouse, na França.

Vista da fábrica em Toulouse, onde é feita a montagem final do A350 – Foto: Divulgação/Airbus

Ficaram um mês e meio lá, tendo aulas teóricas e sessões práticas num simulador de voo.

Pilotos fizeram 17 sessões, de 4 horas cada, no simulador de voo – Foto: Divulgação/Airbus

A adaptação ao novo modelo é mais fácil para quem já está acostumado com os aviões da Airbus –caso de Dias, que pilotava um A330 até então.

Os aviões da fabricante europeia são comandados por meio de um sidestick, parecido com um joystick de videogame. Já os aviões da Boeing têm um conceito completamente diferente, e o piloto dirige usando um manche, que parece um volante de carro.

À esquerda, sidestick da Airbus; à direita, manche da Boeing – Fotos: Divulgação/Airbus e Boeing

“Na Airbus, os pilotos e instrutores costumam dizer o seguinte: é um avião igual o A330, mas completamente diferente”, afirma o comandante.

A principal mudança, para Dias, é a quantidade de dados que podem ser facilmente acessados usando apenas o mouse.  “O piloto não precisa mais sair do seu assento pra verificar manual nenhum.”

Por enquanto, só 13 aviões A350X XWB foram entregues no mundo todo, para quatro empresas aéreas: Qatar Airways, Vietnam Airlines, Finnair e TAM.

Últimos preparativos antes do 1º voo comercial do A350 no Brasil – Foto: Maria Carolina Abe/UOL

Tripulação também se prepara no avião

Quem trabalha fora do cockpit também teve que estudar o novo avião. Por exemplo, saber como abrir as portas no caso de uma emergência, aprender a usar os controles de luz e temperatura, e descobrir o que mudou nos equipamentos da cozinha.

“O forno numa aeronave é do lado direito, aqui é do lado esquerdo. A trava numa aeronave fecha para cima, aqui fecha para baixo”, afirma a chefe de cabine Cintya (Vanessa Tolesano).

Cintya foi a chefe de cabine no voo de estreia do A350 da TAM – Foto: Dênis Armelini/UOL

A grande novidade apontada pelos comissários foi uma espécie de pia com triturador.

Ali eles podem jogar líquidos e algumas coisas sólidas também, que antes não tinham onde colocar.

Comissários “curtiram” o triturador, novo equipamento a bordo do A350 – Foto: Maria Carolina Abe/UOL

Avião deve ir para Miami

A Airbus fabrica três modelos diferentes do A350 XWB: 800, 900 e 1.000.

O primeiro entregue à TAM é do modelo 900, que têm 66,9 metros de comprimento, 64,75 metros de asa a asa e 17,05 metros de altura, em média, e autonomia de voo de 14,4 mil quilômetros.

O avião da companhia brasileira tem capacidade para 348 passageiros: 30 na classe executiva e 318 na econômica.

Classe econômica tem 9 assentos por fileira – Foto: Maria Carolina Abe/UOL

Por enquanto, a TAM usa o novo avião entre São Paulo e Manaus, indo e voltando num mesmo dia, para treinar a tripulação. A partir de março a companhia deve usá-lo para voos internacionais: primeiro para Miami, depois Madri, Orlando e Nova York.

Monitor na classe econômica mostra dados do voo SP-Manaus – Foto: Maria Carolina Abe/UOL

O grupo LATAM Airlines (união entre LAN e TAM) encomendou 27 aviões A350 e as entregas devem ser feitas gradualmente até 2021. O quarto avião já deve ser entregue com o novo logotipo da empresa, em meados deste ano.

Executivos da LAN e da TAM apresentam novo logotipo da empresa – Foto: Danilo Verpa/Folhapress

Mais conforto e economia de combustível

O novo avião, de médio porte e longo alcance, é a aposta da Airbus para competir com o 787 e o 777 da Boeing.

Parte da fuselagem e das asas é feita de um material bastante parecido com a fibra de carbono, que é mais leve e não enferruja. Com a estrutura mais leve e um motor mais eficiente, a fabricante promete uma economia de até 25% com combustível.

Outros fatores aplicados na fabricação, segundo a Airbus, reduzem a emissão de gás carbônico e os custos de manutenção em cerca de 40%.

Uso de material leve permite economizar combustível, segundo a fabricante – Foto: Divulgação/Airbus

Para os passageiros, a Airbus promete mais conforto graças à pressão menor dentro do avião, ao bombeamento gradual do ar (pressurização) e a um sistema de iluminação com 16,7 milhões de tonalidades de lâmpadas de LED.

Isso permite, segundo a fabricante, diminuir as dores de ouvido comuns nas viagens de avião e reduzir o jet lag, cansaço causado por longos voos em que há mudança de fuso horário.

Teste de luz em simulador do A350 – Foto: Divulgação/Airbus

O espaço interno do A350 XWB é 12,7 cm mais largo do que o habitual em seu segmento e suas janelas, 24% maiores. Os bagageiros também são mais espaçosos e comportam até cinco malas de mão.

A fabricante já recebeu mais de 780 encomendas. O preço de tabela varia entre US$ 295 milhões a US$ 340 milhões cada.

Fonte: Todos a bordo