Já reparou nas letras e números inscritos na fuselagem e asas em aviões e helicópteros? Na aviação, essas sequências são os “prefixos aeronáuticos”, que são como as placas de identificação de carros e motos. A dos aviões, porém, valem no mundo todo.

Você sabia que prefixo “BR” nunca existiu? No Brasil as siglas mais usadas são PT e PR (TAM)
A forma de identificação mais comum utilizada atualmente começa pelo prefixo de nacionalidade.
A sigla pode ser composta por uma ou duas letras, uma letra ou um número, ou ainda uma letra e um número combinados.
Já a segunda parte, separada pelo hífen, é a “marca de matrícula”, com mais três letras ou três números, ou também letras e números misturados.
O controle desses códigos é realizado pela ICAO (sigla em inglês para Organização da Aviação Civil Internacional), sediada em Montreal, no Canadá.
O órgão de aviação civil é uma das 17 agências da Organização das Nações Unidos (ONU), como a OMS e a UNESCO.
“A ICAO é uma espécie de ‘DETRAN’ mundial da aviação. Cada nação possui suas próprias sequências de prefixos e a ordem das letras não são necessariamente as iniciais do país”, explicou o comandante Paulo Roberto Afonso, consultor-técnico de segurança e operações da ABEAR (Associação das Empresas Aéreas Brasileiras), ao Airway.
Os prefixos que identificam aeronaves privadas e comerciais do Brasil são “PT”, “PR”, “PP”, “PS” e “PU”.
Já as matrículas são formadas apenas por letras.
“Com o aumento da frota nacional nos últimos anos, a ANAC solicitou mais prefixos ao ICAO”, contou Afonso. Já o prefixo “BR” está dando sopa: a sequência nunca foi utilizada.
Existem ainda países com padrões exclusivos.
Nos Estados Unidos, a frota de aeronaves tomou uma proporção tão grande que foi preciso criar um sistema especial, com mais possibilidades de combinações de letras e números.
Soluções semelhantes também foram adotadas para a França, Reino Unido e China, também devido ao tamanho das frotas de aeronaves que voam nesses países.
Como manda o regulamento da ICAO, a identificação de uma aeronave de asa fixa deve aparecer em cima e em baixo das asas e nas laterais da fuselagem.
Já o helicópteros levam a marca na carenagem do eixo de rotor de cauda ou na seção dianteira, geralmente próximo ao motor ou na tampa do bagageiro.
Restrições nos aviões
Quando uma companhia aérea compra um avião, novo ou usado, ao registrá-lo em seu país de origem ela pode escolher a matrícula que vai utilizar.
No Brasil, a maioria das empresas coloca suas iniciais após o prefixo.
A Gol, por exemplo, já teve um Boeing 737 com o registro “PR-GOL”.
Aeronaves da Azul e Avianca, têm a maioria de suas matrículas começando com letra “A”.
A Tam preferiu utilizar o “M”.
A ICAO, porém, restringe algumas possibilidades.
São proibidas no mundo todo marcas em aeronaves iniciadas com a letra Q ou que tenham W como segunda letra.
Os arranjos “SOS”, “XXX”, “PAN”, “TTT”, “VFR”, “IFR”, “VMC” e “IMC” não podem ser usados.
Os motivos vão desde de dificuldades de dicção (japoneses e chineses, por exemplo, têm dificuldade com a letra R) a insinuações pejorativas.
O órgão internacional também pede às entidades de aviação de cada país que tenham bom senso em não aceitarem matrículas com siglas que possam causar algum constrangimento nacional ou internacional.
Não é uma boa ideia, por exemplo, voar para os EUA com um avião com matrícula nacional “WTF”…
Militares
Forças armadas têm sua própria maneira de identificar suas aeronaves. No Brasil, os aviões e helicópteros da Força Aérea utilizam o prefixo “FAB”.
Já a segunda parte costuma ser as iniciais da designação militar da aeronave. A frota nacional possui, por exemplo, um Super Tucano com a matrícula “FAB A-29B5953”. “A-29” é o nome militar do aparelho.
As aeronaves da Marinha do Brasil, por sua vez, apresentam sempre o prefixo “N”, enquanto os helicópteros do Exército utilizam a sigla EB.

Forças armadas criam seus próprios prefixos aeronáuticos; na foto um Super Tucano ou A-29 (FAB)
Aviões experimentais
Tradicionalmente, e não por obrigação da ICAO, aeronaves experimentais (que não podem ser utilizados com fins comerciais) ou protótipos são “batizados” com matrículas nacionais que costumam começar com as letras “X”, “Y” ou “Z”.
“PT-ZNF”, citando caso análogo, é a matrícula do cargueiro Embraer KC-390, ainda está em fase de testes.
“PU-YZX” chamando!
“O prefixo do avião é utilizado na comunicação de aeronaves privadas e helicópteros. Aviões comerciais, como os jatos das companhias que voam no Brasil, utilizam o número do voo no contato com a torre de controle”, contou o comandante Afonso.
Com a matrícula é possível encontrar na internet praticamente qualquer aeronave em operação no mundo ou já desativada. Experimente as siglas “PR-GUO” e “PR-AYU”, ou então “USAF 224612”, e vai ter uma surpresa!
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Perguntas Frequentes
O que são os prefixos aeronáuticos nos aviões?
Os prefixos aeronáuticos (ou “placas” dos aviões) são sequências de letras e números inscritos na fuselagem e asas das aeronaves (aviões e helicópteros). Eles são um código único e internacional de identificação, controlado pela ICAO (Organização da Aviação Civil Internacional).
Como é composta a identificação de uma aeronave?
A identificação é composta por duas partes:
- Prefixo de Nacionalidade: Uma sigla (composta por letras, números ou ambos) que identifica o país de registro da aeronave (ex: no Brasil, são usados PT, PR, PP, PS e PU). A sigla “BR” nunca foi utilizada.
- Marca de Matrícula: Separada pelo hífen, é uma sequência de três letras (no Brasil) que a companhia aérea ou proprietário escolhe (muitas vezes usando as iniciais da empresa, como a Gol já usou “PR-GOL”).
Onde a identificação da aeronave deve aparecer?
De acordo com o regulamento da ICAO, a identificação deve aparecer em cima e embaixo das asas e nas laterais da fuselagem em aeronaves de asa fixa. Helicópteros levam a marca na carenagem do eixo de rotor de cauda ou próximo ao motor.
Que tipo de marcas de matrícula são proibidas?
A ICAO restringe algumas possibilidades de matrícula por diversos motivos (incluindo dificuldades de dicção em certos idiomas ou insinuações pejorativas). São proibidos arranjos como:
- Marcas iniciadas com a letra Q ou que tenham W como segunda letra.
- Sequências como “SOS”, “XXX”, “PAN”, “TTT”, “VFR”, “IFR”, “VMC” e “IMC”.
Como as aeronaves militares e experimentais são identificadas?
- Forças Armadas: No Brasil, os aviões da Força Aérea usam o prefixo “FAB”. A Marinha usa o prefixo “N”, e o Exército usa “EB”.
- Aeronaves Experimentais: Tradicionalmente (não por obrigação da ICAO), protótipos e aeronaves em teste costumam ser “batizados” com matrículas que começam com as letras “X”, “Y” ou “Z” (ex: “PT-ZNF” para o cargueiro Embraer KC-390).
Os aviões comerciais se comunicam com a torre de controle usando o prefixo?
Não. O prefixo da aeronave é usado na comunicação de aeronaves privadas e helicópteros. Aviões comerciais (como os jatos das grandes companhias) utilizam o número do voo no contato com a torre de controle.
